15 abril 2006


Dia da tal "gravação do tape". Já combinado, quase meia-noite, passei na casa da Elis e fomos para a TV Gaúcha, no morro de Santa Tereza, ela, sua mãe e eu. Meu Deus do céu, quanta novidade. Andamos por corredores e labirintos que não tinham fim, até chegarmos a uma porta enorme, com visores. Era o "Stúdio 1". Abre-se a porta, escuto o som de piano, baixo, bateria e guitarra. Quando a música terminou: - Pessoal, este é o Luiz Mauro !, disse a Elis. - Diante de mim, o Mutinho (baterista que conheci na casa dela), Adão Pinheiro (piano), Ciganinho (guitarra) e o Sadi (baixo). Juntos formavam o "Conjunto Flamboyan". Pra meu maior espanto, me levaram até uma saleta com espelhos, onde um camarada (pena não lembrar seu nome) me passou creme no rosto, pra evitar brilhos durante a gravação. De volta ao stúdio, sentei ao lado de um moço, num "praticável". Depois de revelar a ele sobre meu estado nervoso, perguntei sobre as pessoas que estavam por ali. O apresentador Sérgio Reis, a apresentadora Marilice Leopar, o cantor Edgar Pozzer, o cantor Guilherme Braga, a cantora Érica Norimar, este moço que estava ao meu lado, compositor e cantor Luiz Henrique, que na época, fez sucesso com a música "Se amor é isso", gravada pelo conjunto melódico de Norberto Baldauf. Uma campainha, uma voz gritando "Silêncio no stúdio !", "Gravando !". Os apresentadores foram chamando os cantores até que chegou a minha vez. Meu Deus, como eu tremia. - Sérgio Reis, com o meu violão nas mãos, sentado num banquinho alto, esboça um acorde qualquer, dá um sorriso e diz: - Não, senhoras e senhores. Este violão não é meu. Pertence a um jovem cantor e compositor, que veio até nós, trazido pelas mãos de Elis Regina. Seu nome: LUIZ MAURO ! - Pára tudo, ele me devolve o violão e EU sento no banquinho (tremendo, é claro). "Gravando !" ... e cantei uma das minhas composições. Depois disso é feita uma montagem, uma superposição de imagens e no domingo, lá estava eu na casa de um vizinho (a gente não tinha televisão ainda), assistindo ao programa "Sempre aos domingos", na TV Gaúcha. Me confesso emocionado, ao digitar este texto. - Foi mais ou menos assim, que passei a fazer parte deste mundo maravilhoso da música, que tanta coisa boa me trouxe.

1 Comments:

Blogger Blog do Glenio said...

ESTIMADO LUIZ MAURO.
Sou conhecedor destes momentos iníciais de tua vida artistica. Prevíamos, todos, um grande futuro para ti, quer como compositor, músico ou cantor. Quiz o destino, que a vida te levasse para um outro lado, sonegando-nos o prazer de te ver um profissional da música, pleno e realizado. São os mistérios da vida, mano. Porém, não lamentes o leite derramado. Ter duas músicas gravadas por Elis Regina, é uma benção de Deus. É coisa divina que deve te orgulhar. E para compensar o teu sonho e frustação, Deus ordenou que
tua querida esposa, Neiva, concebesse e batizasse teu filho com o teu próprio nome e que ele
se tornasse com o "andar da carreta",um dos músicos mais destacados deste Estado.
"Deus não joga, mas fiscaliza" como diria, se vivo estivesse, o saudoso radialista, Mendez Ribeiro.
Glênio Reis
PS: mas, esta já é outra história, não?

17 abril, 2006  

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